Um dos meus estilos de histórias favoritos são romances policiais. E quando eu comecei a assistir o Intensivão CSI todos os dias – por conta de um projeto que estava participando – fiquei com sede de mais.

Eu precisava consumir outros conteúdos do tipo e lembrei que há anos tinha na estante a trilogia Millennium, escrita por Stieg Larsson, que contava as aventuras perigosas do jornalista financeiro Mikael Blomkvist e da hacker gótica Lisbeth Salander.

Levei apenas uma semana para ler Millennium 1 – Os Homens que não amavam as mulheres, e pude acompanhar a trajetória de Mikael que mesmo envolvido em um grande escândalo se dedicou a resolver um crime quase perfeito. 

Nesse primeiro livro, Mikael é condenado a 3 meses de prisão e a pagar uma multa de 150 mil coroas por difamar o empresário Hans-Erik Wennerström por publicar uma matéria a respeito das falcatruas do magnata.

Mikael, que ganhou fama por ajudar a polícia a desmascarar uma gangue de assaltantes via toda a sua carreira escorrer pelo ralo, agora que tinha sido oficialmente condenado.

Numa outra ponta do livro, conhecemos também a jovem Lisbeth Salander que tem problemas para socializar com outras pessoas. No entanto, é uma exímia investigadora que trabalha para a Milton Security, uma agência especializada em investigações sigilosas.

Lisbeth é designada a pesquisar a vida de Mikael Blomkvist por Dirch Frode, advogado de um grande empresário misterioso. E nessa busca, ela começa a ter certa simpatia por Mikael, mesmo sem conhecê-lo pessoalmente.

Os dois demoram bastante para se conhecer, mas quando o encontro acontece, a dupla nos garante cenas de tirar o fôlego.

Apesar de já ter assistido ao filme, Millennium – Os homens que não amavam as mulheres, decidi ler o livro para pegar as diferenças das obras e dar sequência a leitura dos dois livros restantes com a história fresca na memória.

O que percebi, ao longo da trama, ter sido uma decisão acertada, já que me lembro pouco do desenrolar da história – apesar de ter a sensação de ter gostado muito do filme quando assisti.

Em Os Homens que não amavam as mulheres, acompanhamos também uma história secundária ao caso de Wennerström (que acaba se tornando a história principal durante boa parte do livro). O possível assassinato de Harriet Vanger, sobrinha do empresário Henrik Vanger. Um mistério que assombrou a família por 37 anos e que com a ajuda de Mikael, Henrik buscava revelar os segredos mais sórdidos de sua família.

Henrik então oferece uma pequena fortuna para que Mikael, sob a desculpa de escrever uma crônica da família Vanger, descubra realmente o que aconteceu com a sua sobrinha, desaparecida há tantos anos.

Quando eu comecei a leitura estava muito empolgada em chegar logo na parte do possível assassinato de Harriet, afinal essa é a parte mais interessante de toda a história. E me frustrei ao me deparar com páginas e páginas descritas detalhadamente. Característica que considerei desnecessária. Existem muitas informações, a fim de aumentar páginas que podem facilmente confundir o leitor e fazê-lo não só perder o foco. Como também desistir da leitura.

Só que como eu já conhecia a história, por já ter assistido ao filme, decidi dar uma chance ao livro. É preciso ler pouco mais do que 100 páginas para que a história comece a se revelar mais interessante. Antes disso, temos uma cansativa descrição de como começou a carreira de Mikael, como teve conhecimento do caso Wennerström, como era seu relacionamento com Erika Berger, sua melhor amiga e sócia na Millennium. Entre outras informações que eu nem fiz questão de gravar.

Também temos as primeiras aparições de Lisbeth e as descrições detalhadas não escapam aos capítulos estrelados por ela. Uma série de informações são despejadas a esmo que não acrescentam em nada na história.

Por que Mikael aceita trabalhar no caso de Harriet Vanger já que ele não era jornalista policial?

Ao receber a proposta de Henrik Vanger, para desvendar o assassinato de sua sobrinha que desapareceu há 37 anos, Mikael fica totalmente cético quanto a sua capacidade de dar luz a novas evidências.

E por diversas vezes pensa em romper o contrário milionário que assinara logo após a sua condenação. Contudo, Mikael decide seguir os desejos de Henrik já que precisará mesmo sair de cena por um tempo, para que a sua imagem esfrie perante a imprensa devoradora. E precisará do dinheiro oferecido pelo empresário para a recuperação da revista – que está perdendo anunciantes com uma velocidade vertiginosa.

Além disso, Henrik promete como isca para fisgar Mikael Blomkvist, um trunfo contra Wennerström. O que claro chama a atenção do jornalista que se dá por vencido e aceita a proposta.

frase do livro os homens que não amavam as mulheres

Quando Mikael e Lisbeth Salander se conhecem?

Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander se conhecem quando Mikael descobre novas pistas sobre o desaparecimento de Harriet e precisa de um investigador de confiança para otimizar suas buscas.

Então Dirch Frode lembra que contratou uma jovem muito habilidosa que trabalha para uma agência de investigações sigilosas que fez um relatório minucioso sobre o próprio Mikael algumas semanas atrás.

Dirch acredita que a jovem é perfeita para o trabalho, mas em uma conversa despretensiosa com Mikael, acaba deixando escapar que encomendara um relatório completo sobre a vida do jornalista.

Mikael obviamente fica furioso e diz a Dirch que deseja ver o relatório ou abandonará as investigações no meio do caminho. 

Cuidado, contém spoilers.

Quem matou Harrier Vanger em Os Homens que não Amavam as Mulheres?

Essa é a pergunta que rodeia nosso imaginário durante boa parte da narrativa. A convicção de Henrik, que sua sobrinha está morta é tão grande, que passamos a confiar cegamente em sua versão.

No entanto, a história verdadeira que envolve o desaparecimento de Harriet é bem mais sombria do que podemos imaginar.

O pai de Harriet, Gottfried Vanger, era um assassino serial que matava mulheres com o objetivo de purificá-las de seus pecados. A família Vanger tem um histórico de membros associados ao nazismo e a higienização biológica.

E como um bom psicopata tenta iniciar seus filhos, Martin e Harriet nos “negócios da família“.

Então após mais uma sessão tenebrosa de abusos e estupros, Harriet empurra seu pai, que cai bêbado no lago e morre afogado. Com Martin de testemunha, Harriet fica à mercê das maldades do irmão. E é obrigada a fugir de Hedestad e assumir uma nova identidade. Que só é descoberta 37 anos depois, por Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander.

Por ter visto o filme há anos, eu acreditava fielmente que Harriet estivesse morta. E fiquei um pouco frustrada com essa nova-antiga descoberta. Acho que fiz confusão com outra história.

Alerta de Gatilho⚠️ em Os Homens que não amavam as Mulheres

Foto: @camissantss

Ao longo de todo o livro, lemos situações de abusos, principalmente sexuais, contra mulheres. Inclusive, temos a descrição de um estupro explícito. O que pode tornar o livro sensível para algumas pessoas.

Eu fui pega totalmente desprevenida e me senti extremamente desconfortável com a leitura, tentei passar por ela o mais rápido possível. Além disso, o livro aborda assassinatos em série que tem cunho de crimes sexuais.

O final morno também nos deixa um pouco cabisbaixos, pois esperamos o tempo todo que Mikael descubra quem é o culpado. E quando ele finalmente descobre, esperamos que minimamente haja justiça pelas vidas perdidas. Mas não é o que acontece.

De um modo geral, é uma boa leitura, que nos garante alguns momentos de tensão. Quando as buscas de novas pistas se intensificam e o relacionamento entre Mikael e Lisbeth realmente começa, ficamos vidrados em cada frase esperando a próxima conclusão chocante.

Apesar de pecar pelo excesso de informação e pelo final morno, a construção completa dos personagens centrais garante uma classificação satisfatória para a leitura.

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Criadora de conteúdo, mãe, carioca da gema. Viajante e realizadora de sonhos.

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