Há meses se especulava sobre o Live Action de Cowboy Bebop, série japonesa de 1998 do gênero ``space western”. Lançado nesta sexta-feira, o live action faz uma releitura quase que perfeita do anime e divide opiniões.

Claro que eu não poderia deixar de conferir essa super produção e registrar minhas primeiras impressões tanto sobre o anime, quanto sobre o live action.

Não faz muito tempo que ouvi falar de Cowboy Bebop pela primeira vez, apesar de ser uma série de 98, foi só agora – após a divulgação do live action que começou a se falar mais abertamente sobre o anime que carrega um tema muito específico: cowboys no espaço.

A Netflix sabe muito bem como democratizar produções super nichadas e com Cowboy Bebop não seria diferente. Ainda mais pelo anime já ter um público cativo o sucesso estava quase garantido.

Será mesmo?

Quando comecei a assistir Cowboy Bebop – o anime -, eu achei tudo muito confuso.

Primeiro episódio de Cowboy Bebop – anime vs. live action

Um tiroteio, uma barulheira, silhuetas quase irreconhecíveis. Tudo isso para ilustrar um flashback de algum acontecimento marcante que saberíamos mais sobre ao longo da série.

Red Eye

Depois disso, vamos para a trama principal daquele episódio: um bandido rouba uma substância rara chamada Red Eye que permite ao usuário ganhar uma força sobre humana na utilização do colírio. E a dupla Spike e Jet Black vão atrás desse bandido para pegarem a recompensa.

No anime, percebemos que a dupla no comando da nave Bebop está com problemas financeiros e com pouca comida por conta dos estragos feitos por Spike na última prisão que eles efetuaram.

Já no início do live action, fiquei um pouco perdida, por que estava lendo que a série era quase uma releitura perfeita do anime, então a expectativa que eu tinha era de que todos os episódios fossem iguais, só que com personagens de carne e osso, mas há uma grande diferença logo no início da temporada. Eu achei o máximo que no live action ao invés de só falarem por cima como no anime, eles ilustraram a confusão que antecede esse momento (a conversa deles sobre a falta de dinheiro), abordando a captura do bandido Tanaka e podemos ter uma noção do tamanho do estrago.

Depois disso, seguimos o enredo original de Spike e Jet Black indo para Nova Tijuana atrás de Asimov, o bandido que roubou e está tentando vender ilegalmente o Red Eye. O que eles não esperavam é que ele estivesse acompanhado de uma mulher supostamente grávida conhecida como Katerina Montgomery.

Essa sequência é quase totalmente fiel ao primeiro episódio do anime, com Asimov e Katerina chegando no bar para vender o Red Eye, Asimov experimentando nele mesmo a eficácia do colírio. A invasão do sindicato e a cena em que descobrimos uma Katerina não tão grávida assim. Tudo, tirando a aparição de precoce de Faye Valentine. A caracterização de Katerina também deixou um pouco a desejar.

Faye Valentine

Interpretada por Daniella Pineda, a golpista Faye Valentine aparece já no primeiro episódio – só que muito mais vestida – para levar os fãs à loucura e contrariar a aparição no anime, que demora ainda alguns capítulos.

faye valentine

Confesso que gostei mais do contexto apresentado no anime e esperava que ele fosse mantido na série. Mas a mudança não é tão dramática a ponto de me fazer odiar.

Jet Black

Apesar de ter notado o nome curioso do personagem no anime, nunca na minha cabeça eu haveria de imaginar que ele seria interpretado por Mustafa Shakir, conhecido por sua participação em Luke Cage.

O que é muito louco, porque é claro que eu adorei, mas estamos tão pouco acostumados a ver pessoas negras em papéis de destaque que já recebemos um produto que nem conhecemos com olhos inquiridores.

Inclusive, em uma das cenas do segundo episódio, Jet Black diz que passaria despercebido em qualquer ocasião por já ter sido um espião infiltrado em um passado distante e a câmera dá um belo close na cena mostrando pessoas de características e roupas semelhantes deixando-o em evidência. Contrariando explicitamente o que o personagem acabara de dizer.

Vicious

Outro personagem que aparece antes do tempo é o Vicious, com uma caracterização que deixa bastante a desejar. Também esperava que ele demorasse um pouco mais para aparecer, até porque tem algumas coisas importantes que acontecem antes da primeira aparição do rapaz. Como o encontro caloroso dos nossos protagonistas com o cãozinho mais valioso do espaço, Ein.

Falta de dinamismo no live action de Cowboy Bebop

Apesar do live action de Cowboy Bebop ser bem fiel ao anime, ele peca pela falta de dinamismo que o anime tem. Particularmente achei um desperdício fazerem um episódio com mais de 40 minutos para mostrar uma história que originalmente é conhecida por sua agilidade.

Eles poderiam ter mantido a minutagem original e ainda assim apresentar um trabalho de qualidade.

Como essa é uma produção que tem muitas sequências de lutas e tiros, essa falta de dinamismo atrapalha muito na hora de apresentar essas cenas, que torna perceptível o amadorismo dos atores.

Cowboy Bebop não é uma série maratonável, alguns episódios e histórias são cansativos e deixam o desenrolar do live action lentos. Porém não é também de todo ruim como estão dizendo por aí.

Vou continuar assistindo alternadamente ambas as produções ainda que cowboys no espaço não seja meu tema preferido porque eu tenho a sensação que quanto mais  eu assisto e conheço os personagens, mais eu gosto do que estou consumindo.

E você, já assistiu Cowboy Bebop? O que achou da adaptação?

Criadora de conteúdo, mãe, carioca da gema. Viajante e realizadora de sonhos.

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